Ronoel Simões: A singularidade do violão brasileiro
A Coleção Ronoel Simões reúne inúmeros materiais que remontam a trajetória do violão no século XX. O acervo, que se destaca inclusive pela variedade da tipologia documental reunida, foi coletado pessoalmente por Ronoel Simões durante setenta anos de atividade. A coleção é vasta, única e representativa, e está em paridade com acervos de importantes violonistas, tais como José Pascoal Guimarães (MG, 1932-2021), Andrés Segóvia (ESP, 1893-1987), Jodacil Damasceno (RJ, 1929-2010), entre outros.
Ronoel Simões (1919-2010) foi um violonista aficionado que coletou documentos diversos sobre o instrumento e sua coleção figura entre os mais volumosos conjuntos documentais sobre o assunto. Ele era a figura que viabilizava o acesso a materiais para estudantes, profissionais e diletantes, além de fomentar novas produções, realizar saraus, produzir conteúdo para os veículos de comunicação disponíveis à época, dentre outras atividades; as preciosidades de seu acervo (que incluem documentos de Agustín Barrios, Américo Jacomino, o Canhoto e Anibal Augusto Sardinha, o Garoto), motivavam consultas ao acervo por pesquisadores brasileiros e estrangeiros. O resultado da atuação e empenho de Ronoel Simões como colecionador e profundo conhecedor do violão teve tal proporção que seu nome – e legado – representam, sem dúvidas, a grande fonte documental sobre o violão no século XX, no período precedente à era da Internet.
A Coleção Ronoel Simões está sob a guarda do Centro Cultural São Paulo e integra as coleções especiais do acervo da Discoteca Oneyda Alvarenga desde o ano de 2015. A instituição tem dedicado inúmeros esforços para o processamento e salvaguarda de seus variados tipos documentais, dentre eles, discos de acetato, 78rpm, 45rpm, discos compactos, lp em 33 rpm, fitas magnéticas de rolo, fitas k7, fitas VHS, Cd’s e Dvd’s, além de partituras, álbuns, métodos, álbuns de recortes de jornais, fotografias, periódicos, catálogos, livros, entre outros.
Em 2023 e 2024, a Discoteca Oneyda Alvarenga deu um passo significativo na valorização e difusão deste legado cultural com o projeto “Ronoel Simões: A singularidade do violão brasileiro”, patrocinado pela Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, do Ministério da Cultura (Minc). Realizado pela Associação dos Amigos do Centro Cultural São Paulo (AACCSP), o projeto tem como objetivo não apenas a conservação física dos materiais históricos, ao criar uma nova sala dedicada à preservação de um dos maiores acervos de violão dedilhado da América Latina, mas também a realização do tratamento, digitalização e catalogação de mais de 3.000 discos (78 RPM e 33 ⅓ RPM) e fitas k7, tornando-os acessíveis a pesquisadores e público geral. Além disso, o projeto conta com uma programação especial gratuita para prestigiar e debater a importância deste acervo único, incluindo shows, saraus, mesas de debate, podcasts, oficinas e visitas educativas.
Os materiais terão seus dados disponibilizados na aba “Coleção Ronoel Simões”, localizada na página da Discoteca Oneyda Alvarenga (Seção de Acervos do site CCSP) e as consultas aos documentos digitalizados serão realizadas presencialmente na Discoteca.